#18 Tudo o que eu quero fazer é ilegal
Especial de Halloween: Vampirismo como metáfora para o amor - e te recomendando minhas mídias vampirescas favoritas
Amor à primeira mordida
Você também é obcecada por vampiros ou você é uma pessoa normal? Bom, eu sou obcecada por vampiros desde que me lembro: assistia a Mona a Vampiro e Meu Amigo Vampiro quando criança. Mais tarde, fiquei fissurada pela reprise da novela Beijo do Vampiro, seguida pelos animes Vampire Knight, Rosario Vampire (coisa que eu não deveria estar assistindo aos 12 anos), Shiki, Monogatari Series, e até os mais clássicos: Crepúsculo, Diários de um Vampiro, além de livros do André Vianco e Anne Rice. Minha lista é tão longa quanto a obsessão que nutro por essas criaturas sanguessugas desde novinha.
Nessa edição, quero levantar uma questão (que ninguém perguntou) sobre esse meu tópico de interesse, que é compartilhado por muitas pessoas que já conheci na vida: por que o vampirismo tem tanto apelo, especialmente para mulheres?
Agora senta aí e fica quieta: vou te dar um pouco de cultura. Quer ser Vanessinha do Tudo o que eu quero fazer é ilegal? Então vai estudar. Segundo o professor de psiquiatria Dr. Eugenio Rothe, “Os vampiros representam as lutas do inconsciente humano, abordando desejos reprimidos e medos relacionados à mortalidade e à sexualidade.” Pessoalmente, já me expondo aqui, eu acho o ato de ver vampiros sugando sangue extremamente sexy.
O que posso fazer? Vermelho é uma cor linda. Pescoços são lindos. Eu já não posso me dar a liberdade de andar por aí no sol: minha família tem histórico de câncer de pele. Portanto, só o que me falta são os caninos.
Olhando por esse lado, a mordida cria uma relação de vulnerabilidade e poder entre o vampiro e sua vítima, onde a entrega do sangue simboliza uma entrega mais profunda, além do jogo entre domínio e submissão, que ressoa com fantasias de controle - alguém pode, por favor, me dar um leque? Me deu até calor.
A ideia de consumir o sangue de outra pessoa é um tabu cultural em quase todas as sociedades, desafiando as normas do aceitável pra quem não entende o molho. Isso simboliza a quebra de regras sociais e biológicas, nos trazendo sentimentos intensos de repulsa e fascinação. E então, você está aqui comigo, lendo essa pataquada enquanto eu romantizo o abominável e erotizo o grotesco. E seja uma boa garota, continue sentada, que ainda tem mais.
O vampiro é fascinante para mulheres não apenas por seu apelo sensual, mas também por sua capacidade de representar o proibido. Ele é uma representação de desejos que muitas vezes são considerados inaceitáveis, como a busca por poder, liberdade sexual e a transgressão de normas sociais. A romantização do vampiro oferece uma forma de escapismo em um mundo que restringe a expressão da sexualidade feminina, permitindo que mulheres explorem suas fantasias de maneira segura e num ambiente controlado.
Aliás, a figura do vampiro ressoa fortemente dentro da cultura LGBTQIA+. Você acha aceitável um vampiro ser heterossexual? Pois eu, não. Bissexuais, no mínimo. O vampiro é um outsider, uma criatura que não pode sair dando as caras por aí, para todos verem quem ele realmente é. Muitas vezes, é visto com roupas vitorianas espalhafatosas, mordendo pescoços independente do sexo para conseguir o que quer. Isso te lembra alguma coisa? Pois me lembra de quando eu era solteira.
Minhas mídias vampirescas favoritas
Livro: Carmilla
A vampira antes do Drácula. E quem diria que, além de tudo, ela seria uma vampira lésbica. O autor sabia exatamente o que estava fazendo ao criar esse romance gótico hipnotizante, onde uma donzela indefesa é assombrada por uma vampira em pleno despertar de sua sexualidade, dentro de sua própria casa. É um dos meus livros favoritos de todos os tempos, e é uma pena que essa história nunca tenha recebido uma adaptação digna no cinema. Ainda assim, guardo a esperança de que os vampiros voltem à moda e que essa pedrada gótica lançada no século XIX receba a justiça que merece.
Filme: The Vampire Lovers
Essa foi, sem dúvida, uma tentativa de adaptação de Carmilla. Ele é lindo, vintage, estética impecável, gay e sensual. A história não é exatamente como no livro, o que me frustra um pouco, ainda assim ele tem seu valor. É um dos meus filmes vintage favoritos, e se eu já não soubesse que gosto de mulheres, provavelmente teria descoberto assistindo a esse filme. Canalha seja quem fez esse casting.
Manga: Vampire Knight
Minha maior obsessão na pré-adolescência. Embora haja uma versão em anime, sinto que ela não faz jus aos traços lindíssimos do mangá. A trama gira em torno de uma garota humana que, após perder todas as suas memórias, é adotada por um amigo de seus pais. Na adolescência, ela estuda em uma escola onde metade dos alunos são vampiros e a outra metade, humanos. Sua missão? Mediar as interações entre esses dois mundos. É uma história cativante, e estou plenamente convencida de que só serei verdadeiramente feliz no dia em que completar minha coleção de Vampire Knight, já que não posso realizar meu sonho de casar com Kaname, um dos meus maiores crushes da fase otaku.
Manga: Blood Honey
Esse aqui é pras safadas que estão lendo. A história é basicamente uma coletânea de mini contos de vampiros sugando o sangue de seus parceiros humanos, que servem como bancos de sangue vivos. É um mangá erótico e yaoi, duas coisas que amo, e que comprei quando era muito nova. Passei anos escondendo essa edição única pelo meu quarto para garantir que meu pai nunca a encontrasse, como se eu fosse um moleque escondendo uma Playboy. O que mais posso dizer? É um dos meus favoritos porque sou uma safada e adoro vampiros. E isso é o suficiente.
Manga: Bloodsucking Darkness
Você também é obcecada por Junji Ito ou você é normal? Eu leria qualquer loucura que esse véio japonês insano escrevesse, sou completamente fascinada pela mente doentia dele. E Bloodsucking Darkness é meu conto favorito. Não vou dar muitos spoilers (até porque revelar que é sobre vampiros já conta como um), mas prepare-se para uma narrativa grotesca. Este vampiro não tem nada de sensual ou atraente - é pura carnificina e nojeira. E, sinceramente, eu não poderia gostar mais. Reza a lenda que ainda vai virar filme, e eu acho que infelizmente, os Estragos Unidos vai arruinar (de novo) uma das minhas obras favoritas. Fazer o que, né.
Obsessão da semana
Como vocês podem ver, eu não consigo ser normal em relação a nada. Sou uma pessoa profundamente perturbada, e, em vez de tentar parecer mais comum, aceitei minha esquisitice como parte essencial da minha personalidade. Dito isso: senta, que lá vem história.
Atualmente, estou obcecada por Ethel Cain. Mas não de um jeito casual, tipo "vou dar uma ouvida nos álbuns dela por curiosidade". É uma obsessão que me leva a consumir milhões de posts no Reddit para destrinchar cada letra e absorver todas as teorias possíveis sobre a lore dela. Duas coisas sobre mim: eu tenho um ímpeto mórbido de entender TUDO, e também sou apaixonada por artistas que possuem uma lore. Quando ouvi falar, de forma superficial, sobre a lore de Ethel, pensei: "Eu, hein, já sou perturbada o suficiente. Vou ficar ouvindo música sobre uma mulher que foi canibalizada pelo namorado?" E deixei pra lá.………………………………….. até não conseguir mais deixar pra lá.
Assim como Ethel, também tive uma relação conturbada com a religião, tenho traumas familiares e sou apaixonada pela estética vintage e bruxesca. Então, cansei de fingir que não estava curiosa sobre o trabalho dela. Foi numa viagem de Uber, que decidi ouvir o álbum Preacher's Daughter pela primeira vez, enquanto chorava de volta pra casa.
Esse é o tipo de álbum que você precisa ouvir enquanto lê as letras. De repente, me vi agindo igual aqueles swifters que acendem uma vela aromática e pausam as músicas para desvendar todas as camadas do storytelling. A obra é uma loucura, e Ethel Cain é perfeita para aqueles que, como eu, ouvem vozes durante crises depressivas.
Ela é uma narradora nada confiável, e a maioria das músicas pode ser interpretada de três formas, evocando a Santíssima Trindade. As letras podem se referir ao pai dela, a Jesus ou a um parceiro romântico. Além disso, ela mergulha em temas como culpa religiosa, incesto e relações abusivas com homens, que podem ser lidas tanto no contexto de pessoas reais quanto de figuras religiosas. Ela é tipo o que a Madonna foi para a Igreja Católica, só que pro Protestantismo. Fora as melodias, tá? Um baixão FUDIDO, que eu particularmente amo. Meu deus, é demais pra minha cabeça.
Ethel, neste mês, quem vai pagar minha conta de quetiapina é você.
Enfim, ouçam o álbum. E, se quiserem se aprofundar na lore, recomendo este vídeo:
Ah, e ouçam minha música favorita, que não é de Preacher's Daughter, mas também é de um EP que faz parte da lore. Como pode essa música ter saído da cabeça de alguém.
Leitura da vez
Ainda não consegui terminar o livro. Você vai fazer o que? Vir aqui me bater? Me xingar? Pois saiba que isso não é efetivo. Eu gosto disso. E agora? Como você fica, sabendo dessa informação? Se sente desconfortável? Bom que se sinta mesmo, foi você mesma que começou.
Em fim, vai ficar pra próxima.
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É isso, um beijo da Anitta!
muito obrigada por recomendar conteúdos para pessoas normais e otakus, sou obcecada por mangás mas desses eu só li os do junji ito, sim mestre eu pequei..... mas vou ler hoje mesmo pra me salvar desta segunda feira desprezível
literalmente vc falou tudo aqui, se alguém não gosta de vampiros vai passar a gostar e sério pq não gosta? qual seu problema? vampiros são tudo de bom!
preciso compartilhar que tbm odeio sol, n gosto de me bronzear na praia, odeio tudo relacionado e sim minha vitamina D está em níveis alarmantes mas meu dentista me falou um dia que eu tinha caninos avantajados e sim dali em diante eu sou sim uma vampira não tem jeito.