#20 Tudo o que eu quero fazer é ilegal
Quem é Vanessa? - falando sobre todos os livros que li em 2024 e analisando a marca da Malu Borges
Quem é a autora dessa news?
Percebi que em nenhum momento me apresentei formalmente por aqui. Tudo o que vocês sabem de mim é o que minhas amigas próximas conhecem ou os pequenos fragmentos que deixei escapar ao longo dessas 19 edições.
Prazer, meu nome é Vanessa. Nasci em 1998, o que tecnicamente me faz uma adulta, embora eu ainda não esteja completamente convencida disso. Coleciono Sylvanian Families, sou apaixonada pela Sanrio, e um dos meus hobbies favoritos é acompanhar bandas de kpop. Em eventos sociais, prefiro brincar com as crianças do que conversar com os adultos, na falta de crianças, me contento em passar o tempo inteiro com idosas. Trabalho com Marketing, o que me surpreende, já que desde pequena nunca sonhei com uma carreira, e ainda hoje, definir metas a longo prazo não é algo natural para mim. Nunca tive grandes sonhos ou ambições, e até agora, meu único sonho real é viajar para a Tailândia.
Já abandonei duas faculdades pela metade e tive uma série de empregos diferentes antes de me encontrar no Marketing. Minha profissão tem pouco a ver com escrita ou criatividade - passo meus dias imersa em números, planilhas e gráficos. Isso, de certa forma, me permite guardar minha criatividade só para mim e limitar minhas interações interpessoais. Embora eu legitimamente goste de estar com pessoas, sou uma ambivertida: amo passar tempo com minhas amigas, noivo e família, mas preciso de momentos sozinha para me reorganizar internamente, ler meus livros e mergulhar nas minhas obsessões. Confesso que interagir com pessoas por muito tempo me cansa a níveis espirituais.
Nasci pessimista. Não sei ao certo por quê - talvez pela influência familiar ou por crescer assistindo a todos os noticiários que passavam na TV aberta na parte da tarde -, mas nunca consegui ignorar o lado sombrio das coisas ao meu redor. Com o tempo, esse pessimismo se transformou em um fascínio pelo obscuro e pelo estranho, como uma maneira de processar o que eu sentia. Adoro filmes de terror, histórias de vampiros, cemitérios, rituais de morte e me interesso profundamente pelo lado perverso da natureza humana. O grotesco, que muitos preferem ignorar, me intriga, talvez por acreditar que a negação dessas partes sombrias contribua para a apatia moral que vemos entre as pessoas.
Desde criança, sempre amei escrever. Comecei inventando histórias em um caderninho pautado e, quando ganhei meu primeiro computador, descobri que conseguia preencher facilmente vinte páginas do Word em um só dia com as ideias que surgiam na minha cabeça. Na adolescência, escrevia fanfics do One Direction, que me renderam boas amizades e me fizeram acreditar que, se quisesse, eu poderia escrever coisas interessantes, todas bizarras e pavorosas, mas ainda sim, interessantes. Mas, com o tempo, minha criatividade foi sendo esmagada pela correria da vida adulta, que raramente nos permite o ócio criativo.
E é por isso que esta newsletter existe: para me dar um espaço onde posso exercitar minha criatividade e colocar para fora tudo o que passa pela minha mente. Não sou criadora de conteúdo e nem tenho formação em copywriting, tudo o que tenho é uma cabecinha que pensa demais e uma conta no Substack.
Acho que esse é o lado da autora que vale a pena vocês conhecerem ao ler minhas postagens. Agora, para as informações (in)úteis: sou geminiana, nascida e criada em Guarulhos. Prefiro gatos, mas meu animal favorito é a hiena. Sou agnóstica, bissexual e, sem dúvida, a amiga palhaça do grupo. Meu MBTI é ESTJ, e meu alinhamento moral é true neutral, minha comida favorita é qualquer coisa com arroz, picante e agridoce e a única coisa que eu não como são miúdos.
Acho que é isso, um beijo pra vocês.
Todos os livros 20 que li em 2024
Depois de terminar Frio o Bastante para Nevar, não pretendo ler mais nada este ano além de fanfics e manhwas de baixa categoria. Então, aqui vai uma lista de absolutamente tudo, sem tirar nem pôr, que li em 2024 e minha humilde opinião sobre todos.
Cultos: a linguagem secreta do fanatismo - Amanda Montell
⭐⭐⭐⭐⭐
Um dos meus favoritos da coleção. É sobre um dos meus maiores temas de interesse, e eu amei o tom jornalístico e crítico que a autora traz. Imaginei que seria um compilado de causos de cultos, mas acabei topando com várias reflexões e estudos sobre a linguagem usada por líderes para atrair e reter fiéis.
Recomendaria: Sim.
As últimas crianças de Tóquio - Yoko Tawada
⭐⭐⭐⭐⭐
Muito lindinho, sensível, lúdico e imaginativo. É uma distopia que a gente nem para pra pensar que poderia acontecer. Amo histórias com crianças fofas, e esta aqui me conquistou.
Recomendaria: Sim.
A vida mentirosa dos adultos - Elena Ferrante
⭐⭐⭐⭐⭐
Foi o primeiro livro da Elena Ferrante que li. Ano que vem, espero conseguir ler a tetralogia. Amei este aqui, o senso de humor afiado dela é genial.
Recomendaria: Sim.
ABM Account-Based Marketing: Como acelerar o crescimento nas contas estratégicas com planos de marketing exclusivos - Bev Burguess
⭐⭐⭐
Olha a porra do título de três linhas desse livro. Só li porque me obrigaram no trabalho. Chato, chato, chato e... chato. Mas, infelizmente, ajuda bastante.
Recomendaria: Só se você trabalhar com ABM.
Laços de família - Clarice Linspector
⭐⭐⭐⭐⭐
Toda vez que leio Clarice, me pergunto como ela conseguiu entrar na minha cabeça. Eu adoraria dizer que penso de forma tão refinada quanto ela escreve, mas tenho a sensação de que ela consegue expressar aquelas coisas que ficam guardadas dentro de mim e que eu não consigo colocar em palavras.
Recomendaria: Sim.
Manacled - SenLinYu
⭐⭐⭐
Minha nossa. Esse eu li pra acompanhar minha amiga. É uma fanfic Dramione que virou livro. Tem mais de 900 fodendo páginas, e foi o maior livro que eu li esse ano. É muito intenso. No começo, você fica pensando “que pessoa doente escreveria uma coisa dessas,” mas depois dá vontade de arrancar a própria cara. Tô ansiosa pra quando a autora lançar o livro fora do universo HP. Foi a única fantasia que li em ANOS e de fato gostei.
Recomendaria: Só pra amigas degeneradas como eu.
Pessoas normais - Sally Rooney
⭐⭐⭐⭐
Gostei tanto que escrevi um texto sobre ele, você pode ler aqui. Achei que fosse odiar, confesso que fui ler só pela modinha. Mas acabei gostando muito! Não sei se pretendo ler outros da Sally, talvez mais pra frente.
Recomendaria: Sim.
Escute as feras - Nastassja Martin
⭐⭐⭐⭐
Ai, que livro lindo. Sabe aquele meme do “você prefere ser jogada numa floresta com um urso ou com um homem?” Acho que este livro ilustra bem: é melhor ser jogada numa floresta com um urso mesmo. Pelo menos você ganha uma cicatriz foda e uma história transcendental pra contar depois.
Recomendaria: Sim.
Coelho maldito - Bora Chung
⭐⭐⭐⭐
Esse livro é meio primo de Mulheres que Correm com os Lobos. É um compilado de contos de uma autora coreana, ilustrando em fábulas de horror o que é ser mulher no contexto cultural em que ela nasceu. Um dos meus favoritos do ano, porém, sinto que tenho pouco repertório cultural para entender algumas metáforas.
Recomendaria: Sim.
Temporada de caça - Stephen Grahan Jones
⭐⭐⭐⭐
Algo engraçado sobre esse livro: ganhei como indenização do meu noivo após ele me arrastar pra assistir Madame Teia no cinema. Amei esse livro! Nunca tinha lido nada de horror sob uma perspectiva dos povos nativos dos EUA; foi uma experiência ótima, espero encontrar mais livros assim.
Recomendaria: Sim.
Noites Brancas - Fiodor Dostoievski
⭐⭐⭐⭐⭐
Falando novamente do meu noivo: li porque foi um dos únicos livros que ele leu na vida, e fiquei tão abismada por ter sido um clássico russo que tive que ler também. É curtinho, bem gostoso de ler, e a vibe melancólica é uma delicinha.
Recomendaria: Sim.
Meu Primeiro Grimório: Guia Básico de Magia e Wicca - Volume 1 - Bianca S. Bonatto
⭐⭐⭐
Nem lembro por que li isso.
Recomendaria: Sei lá.
A menina submersa, memórias - Caitlin R. Kiernan
⭐⭐⭐⭐
Esse aqui foi tão intenso que me deixou em ressaca literária. É um livro incrível e, pela capa, não era nada do que eu esperava. Em um momento, a leitura ficou tão frenética que senti meu coração batendo forte. Maluquice total.
Recomendaria: Só se você estiver bem da cabeça.
I love/kill you - Patrick Rangsimant
⭐⭐
Um fast-food. Meio camp, como se eu estivesse lendo um manhwa. Não tem muito o que dizer; é bem rápido de ler, mas o que me fodeu foram os 2972739 plot twists do final.
Recomendaria: Meio que não.
A princesa salva a si mesma nesse livro - Amanda Lovelace
⭐
Eu vou me matar.
Recomendaria: Nem pro meu pior inimigo.
A metamorfose - Franz Kafka
⭐⭐⭐⭐⭐
Esse aqui me colocou numa espiral de sofrimentos abissais que talvez ninguém devesse encarar sem estar sob os cuidados da desvenlafaxina de 50 mg.
Recomendaria: Só se estiver sob os cuidados da desvenlafaxina de 50 mg.
Felicidade clandestina - Clarice Linspector
⭐⭐⭐⭐⭐
Lindo. A Clarice me tem de mãos atadas e de joelhos. Pode me açoitar mais, senhora.
Recomendaria: Todo mundo deveria ler.
A noiva do deus do mar - Axie Oh
⭐⭐⭐
Água com açúcar, mas uma gracinha se você não curte fortes emoções ou tem 13 anos.
Recomendaria: Recomendaria pra minha prima de 13 anos.
Seu inferno particular: um dark romance com stalker - Jessica Oliveira
⭐⭐
Opa kkkkk Minha nossa kkkkk Como é que isso foi parar aqui kkkkkk Que tipo de DEGENERADA leria uma coisa dessas kkkkkkkk
Recomendaria: Não.
Seduzida pelo íncubo - Bruna Catein
⭐
Eu vou me matar.
Recomendaria: Sim, sou sua pior inimiga.
Frio o bastante para nevar - Jessica Au
⭐⭐⭐⭐
Lindo, parece que estou revivendo todas as memórias da autora. Livros asiáticos sempre trazem essa sensação de “chá de erva cidreira em um dia chuvoso”.
Recomendaria: Sim.
Obsessão da semana
Eu juro que não queria dar visibilidade pra gente rica, mas puta que pariu, eu estou obcecada pela marca da Malu Borges.
Não sei se é o tom de voz ou aquele jeito robótico com que ela se mexe, mas tem algo que me deixa vidrada nela. Mas, pra mim, o mais impressionante, é a total falta de percepção do pessoal sobre a proposta da marca dela, a Soon.
É óbvio que nada daquilo é pra mim ou pra você, CLT que se bronzeia na luz do escritório e dorme a base de tarja preta. Aquilo não é pra nós, a linguagem não é pra nós, a estética não é pra nós.
A Soon é pra para o verdadeiro público da Malu: gente com dinheiro o suficiente pra comprar uma Botega Veneta fake de alta qualidade nas galerias da Avenida Paulista. É pra quem quer fingir ser ela, experimentar o lifestyle de influencer com grana pra se bronzear onde e quando quiser, sem depender daquele pózinho laranja com betacaroteno. É pra quem tem acesso tanto a gominhas de maconha medicinal quanto a spirulina azul em saquinho, que mais parece sabão em pó, pra “garantir a saúde” no dia a dia corrido, entre a aula de spinning e o curso de cerâmica.
Você ri, acha tudo ridículo, claro: a propaganda não é pra você. E a Malu Borges sabe disso.
Leitura da vez
É isso mesmo, vadia, eu terminei Frio o bastante para nevar. E sabe o que eu achei dele? É um desses livros que faria uma mulherzinha PATÉTICA como eu chorar ao relembrar uma memória boa de algo que nunca mais vai voltar. Meu deus, que livro lindo. É nostálgico, exatamente como eu descrevi acima, como se estivéssemos lendo um diário e revivendo as memórias da autora. O jeito que ela descreve as coisas é tão sensível e detalhista que me envolve de uma forma que parece que estou dentro da história.
Acho que é um livro para quem curte animações do Studio Ghibli, mostrando o cotidiano simples sob uma ótica quase romântica. Enquanto lia, consegui entender o profundo sentimento de inadequação acadêmica que a autora enfrentou em ambientes onde a maioria das pessoas, ao contrário dela, recebeu uma educação elitizada. A maratona interna para suprir a falta de referências e repertório cultural, a corrida contra a própria baixa autoestima intelectual - tudo isso é marcante na história. O sentimento de precisar performar diante dos outros pares no ambiente acadêmico é algo que me é familiar.
Além disso, o livro explora intensamente a relação geracional entre mães e filhas, que não apenas pertencem a épocas diferentes, mas também precisam entrar em acordo diante de contextos culturais diversos, nutrindo sua união por meio de memórias e pequenos momentos do cotidiano. É um livro lindo e delicado. Espero encontrar mais leituras tão significativas quanto essa durante minha jornada literária em 2025.
Bom, agora venho informar que oficialmente estou fechando minha agenda para leituras de 2024. Caso queiram me acompanhar nas leituras de 2025, aqui vai minha curadoria pessoal. E se já leram algum desses, deixem seu comentário dizendo o que acharam!
• Baratas - Scholastique Mukasonga
• Rádio Imaginação - Seiko Ito
• Primeira Pessoa do Singular - Murakami
• O Perigo de Estar Lúcida - Rosa Montero
• Gótico Nordestino - Vários autores
• Onde Vivem as Monstras - Aoko Matsuda
• Hotel Íris - Yoko Ogawa
• Floresta de Lã e Aço - Natsu Miyashita
• A Vida Não É Útil - Ailton Krenak
• O Lugar - Annie Ernaux
• Rinha de Galos - María Fernanda Ampuero
• Canto Eu e a Montanha Dança - Arene Solà
• O Manto da Noite - Sarola Aavedra
• A Paixão Segundo G.H. - Clarice Lispector
Não se esqueça que agora estamos nas redes sociais!
Edições anteriores ౨♡︎ৎ
É isso, um beijo da Anitta!
fui ver a marca da malu borges e estou entre passar mal de rir e medo dela ser uma alienigena. QUE ROLÊ DE MALUCO É ESSE VEI????? KKKKKKKKK um pó azul que tem gosto de maracujá e promete mil coisas, outro laranja pra te deixar laranja
sobre a primeira parte: amei conhecer mais da vanessinha, desde pequena uma maluca e uma gênia